PANDEMIA_COVID_19_DO_CAPITALISMO_A_POLÍTICA_NEOLIBERAL.

17/04/2020 17:48

PANDEMIA_COVID_19_DO_CAPITALISMO_A_POLÍTICA_NEOLIBERAL.pdf (111459)

Por: JUSTINO AMORIM DA SILVA

Pretendemos pontuar neste artigo as questões sociais e de saúde pública, também tentaremos abordar os interesses Políticos, Financeiros, Religiosos e Midiáticos (Meios de Comunicação de Massa, relacionados à Pandemia COVID 19). De certeza o texto apresentará algumas lacunas a serem preenchidas. Da mesma forma o pensamento aqui exposto é passivo de equívocos haja vista que não somos médico, biólogo, infectologista e epidemiologista. Portanto nosso objetivo é tentar fazer uma interpretação e análise a partir das Ciências Sociais e da Sociologia que é nossa área de Formação e Estudos.

Afinal as Pandemias surgidas no mundo estariam elas ligadas ao fator da ausência de Políticas de Saúde Pública dos Governantes a nível mundial em seus Estados Nações, da ausência de projetos de prevenção a enfermidades?


“Certamente, este vírus que está se difundindo não veio do nada. Os cientistas têm repetido incansavelmente que o modo como temos tratado a natureza, explorando-a de todas as formas, sem respeitar seus limites, está produzindo o desaparecimento de espécies numa velocidade nunca vista anteriormente”. “A destruição da biodiversidade aumenta o risco de uma epidemia”. (Ivo Lesbaupin).

Para o Pesquisador e Ecologista Serge Morand: “O fato de vírus que até agora permaneciam em morcegos na Ásia chegarem aos seres humanos é novo e está diretamente ligado à sua perda de habitat, o que os aproxima dos animais domésticos”.


Portanto, talvez, possamos afirmar que as Pandemias, não são produtos do acaso, não surge do nada, (Gripe aviária, Gripe Suína, Ebola, HIV, COVID 19) elas nascem e se prolifera devido à ganância e busca desenfreada por acúmulo de riquezas, através do saque das Riquezas Naturais, (Minérios), da destruição do meio ambiente, da biodiversidade (Fauna e Flora) destruição dos habitats naturais que altera a cadeia produtiva aumenta o risco de Pandemias, de doenças colocando todos nós em risco de vida.

Vivemos de fato momentos difíceis a nível mundial devido a Pandemia COVID 19. Não há dúvidas da gravidade de Saúde que se alastra pelo planeta. Nesse sentido, é preciso ter um olhar político com ações de humanidade para salvar vidas.

O Período de quarentena é necessário para nos prevenirmos de uma possível contaminação do vírus. Porém quem pode ficar em casa? De certeza não são os Pobres, mais sim os Ricos, os Classe Média, os bem Sucedidos Economicamente e Socialmente, os Políticos, os Funcionários Públicos, Religiosos (as), Grandes Empresários, pois, estes têm todas as condições de ficarem em casa. Estas classes com certeza têm as suas dispensas, celeiros cheios de comida, remédios emergenciais, bebida, casa boa, conforto, lazer, dinheiro no bolso e no banco etc.

Diante desta enorme crise e, da necessidade de ficarmos no lar, as Classes mais baixas da Sociedade, Trabalhadores Comuns, Trabalhadores Informais, Pequenos comerciantes, Micro Empreendedores Individuais (MEI) precisam de amparo econômico do Estado. Precisam estes trabalhadores anistia de dívidas (Energia, Água, Telefone, Aluguéis, Transporte). Como irá viver o Trabalhador Informal sendo que é por meio da labuta diária, da venda de salgados, churrasquinho, pipoca e outros que estes tiram o pão de cada dia.

A morte de ricos e de pessoas da classe média pelo COVID 19 deu abertura para a comoção social nacional. Os governantes, classe política vivem alegando a falta de dinheiro público para investir na saúde. Mais de repente começa a aparecer dinheiro. Por que só agora? As Políticas Públicas de Saúde, Educação, Transporte, Habitação, Renda, Terra não chega as Classes mais baixas da população.

É do conhecimento da população do abandono da saúde pública brasileira, das péssimas condições dos hospitais e, postos de saúde no Brasil, das centenas de pessoas pobres esperando um atendimento e um leito hospitalar, a realização de exames ou de cirurgias que nunca se concretizam. Sobre tudo as Políticas Públicas de Saúde não chega aos Povos Tradicionais. (Ribeirinhos, Extrativistas, Indígenas e Quilombolas). Historicamente os Povos Indígenas sofrem ameaças, perseguição e assassinatos, em síntese o Genocídio dos Povos é Histórico e Institucionalizado pelo Estado Brasileiro que se agrava mais ainda com o Modelo de Estado Neoliberal instalado no País desde FHC seguido por Michel Temer em sua Política entreguista e agora com o Governo de Bolsonaro de maneira mais incisiva e cruel com a entrega dos territórios dos Povos Tradicionais ao Capital Financeiro.

Se os governos a nível mundial investissem em políticas de saúde pública seria fácil combater as pandemias. Se os capitalistas pensassem em primeiro lugar nos seres humanos talvez não estivéssemos passando por tudo isso nem sofrido com as epidemias e pandemias anteriores. Se fôssemos mais humanos e menos egoístas e individualistas, pensássemos em viver com o suficiente e o necessário, sem degradar tanto o meio ambiente, sem lançar tantas coisas no espaço, talvez nossa realidade mundial pudesse ser outra.

Lamentavelmente os interesses Políticos Neoliberais, Econômicos, Religiosos Pós Moderno e Midiático são colocados acima do bem comum da Nação, acima da Vida. 

A Irresponsabilidade, Incompetência dos Governantes em não elaborar, planejar e executar políticas públicas de Educação, Transporte, Trabalho e Renda, Habitação, Saneamento Básico etc., contribui fortemente para a proliferação das pandemias e enfermidades e, sobre tudo, o agravamento da Saúde Pública. As políticas neoliberais, de desmonte das instituições, da redução do Estado ao mínimo, de corte do orçamento público a ser investido em saúde, educação, habitação, transporte e outros é um desastre, causam um Genocídio Social.

Na verdade não nos preocupamos com a Saúde a âmbito geral na Sociedade. A começar por saneamento básico, pelo lixo que o jogamos em qualquer lugar, nas ruas, nos rios etc. Tornamo-nos consumidores vorazes e produtores de montanhas de lixos descartáveis que vão se amontoando nas esquinas, nas margens dos Rios, Igarapés etc. Portanto, a necessidade de um Projeto Sócio Ambiental de Reciclagem e Coleta Seletiva do lixo é fundamental e imprescindível, nos falta gerência dos Recursos Hídricos e Resíduos Sólidos. Mais, não deve ser apenas um compromisso de Gestores Públicos, mais de toda a Sociedade. No geral não cuidamos da Casa Comum, do Planeta, do Ser Humano, da Vida em geral. O objetivo, a meta são os interesses econômicos, políticos, Religiosos e individuais sem pensar no cuidado da casa. O Problema se esbarra na falta de vontade dos Gestores, pois, não é de interesse da classe política de picaretas Neoliberais Subservientes ao Capital Financeiro.

As Empresas, Instituições Públicas, Privadas, Religiosas e Sociais devem assumir a Responsabilidade Pública, Social e Ambiental a serem desenvolvidas na Sociedade para o bem comum de todos. As Empresas, Corporações tem o dever perante a constituição Federal de 1988 a colocar em prática a responsabilidade social e ambiental para com seus colaboradores, cliente e sociedade. Portanto, ”devem ser adotadas posturas, ações e comportamentos que visam o bem-estar do seu público, tanto interno (funcionários, colaboradores e investidores), quanto externo” (“clientes e consumidores finais”).

Neste cenário de Pandemia é necessário nos atentarmos para as atividades da mineração que continuam em operação em todo Brasil. Mesmo com a morte de um funcionário da Renova em Mariana (MG) e de um trabalhador da Vale em Parauapebas (PA). A situação se agrava a cada dia. Há testemunho de diversos trabalhadores no Complexo de Carajás que teriam dado positivo para o Covid-19. Desta forma, sabendo que a extração mineral já provoca em suas atividades problemas respiratório que corrobora com a pandemia, podendo contaminar os Trabalhadores, Familiares, Amigos e demais em suas Relações Sociais, além disso, há outros problemas de saúde gerados no processo mineral. Portanto é preciso a paralização das atividades minerárias, mais, sobretudo, a garantia dos empregos dos trabalhadores do setor minerário e dos demais direitos trabalhistas. 
O Poder Econômico e Financeiro (Capitalismo) busca lucro x lucro (Mais valia) em detrimento da Vida e do Meio Ambiente. Os grandes Empresários, Indústrias, Agronegócio, Mineração não estão respeitando as determinações do Ministério da Saúde e OMS. Tais atitudes contribuem para um sistema de colapso na saúde mundial.

As ações Políticas não têm pautado suas práticas para com o desenvolvimento da Polis (Cidade, Estado, Comunidade). A classe política (Três Poderes) a cada dia busca a manutenção do poder, permanecer no poder, manter uma boa vida, seus privilégios, regalias e salários pomposos à custa da Nação, do Património Público, à custa do trabalhador. Esta realidade abre precedente para o descrédito na Política e desconfiança na Representação política. 

Para, além disso, o Modelo Político Neoliberal coloca em risco a Soberania Nacional de muitos Países, de maneira especial na América Latina. Tal projeto Neoliberal produz o sucateamento e entreguismo do património Público Nacional deixando a população vulnerável pela perda de seus direitos dentre eles o acesso a Saúde.

As Religiões Pós Modernas, Fundamentalistas, Doutrinárias e Dogmáticas alienam massas de miseráveis, vulneráveis economicamente, socialmente etc. Religiões do Deus Mercado, Teologia da Prosperidade. Fiéis imbuídos por estas religiões deixam de exercerem sua cidadania acreditando num ser Divino que possa resolver tudo, o salvador da pátria.

Meios de Comunicação de Mercado, TV, Mídia Corporativa, Redes Sociais dentre outras não informam, se apropriam dos fatos sociais, deturpam a realidade, fazem sensacionalismo da desgraça, da miséria, da fome etc. Diante desta Pandemia COVID 19, a Imprensa causa um estardalhaço e terrorismo midiático, amedrontando as pessoas em vez contribuir para o processo de informação, esclarecimentos e conscientização da população para a importância da prevenção contra esse problema de saúde pública.
Não é visível, não há preocupação com os Pobres, Trabalhadores Formais e Informais? À medida que estes perderem suas Rendas ou Emprego, morrerá é de fome e não de COVID 19.

Não são os Ricos, Grandes Empresários, Bancários e outros bem de vida que precisam de ajuda financeira como pensa o "Presidente" Jair Messias Bolsonaro, um Irresponsável, Esquizofrênico, Lunático, Desiquilibrado, Insensível, Demente, Preconceituoso e com alto grau de Insanidade mental, um Subserviente ao Capital Financeiro Internacional, violador de Direitos Humanos, um lambe botas de Donald Trump.

Não há dúvidas de que no Brasil morrem mais gente com fome do que infectados por um vírus. A fome atinge 5,2 milhões de pessoas no Brasil mata lentamente. De acordo com dados do Datasus, entre 2008 e 2017, ano dos últimos dados consolidados, o Brasil registrou 63.712 óbitos por complicações decorrentes da desnutrição. Isso representa uma média de 6.371 mortes por ano e 17 mortes por dia. O levantamento foi realizado pelo jornal Estadão (https://observatorio3setor.org.br/carrossel). Morre mais mulheres vítimas de Feminicídio no Brasil 08 por dia, 240 por mês do que com o Coronavírus. O trânsito Brasileiro a cada 1 hora mata 05 pessoas de acordo o Conselho Federal de Medicina (CFM), https://g1.globo.com/carros/noticia/2019/05/23/a-cada-1-hora-5-pessoas, e a Polícia mata matou 5.012 pessoas no ano de 2017, (Por Clara Velasco, Gabriela Cesar e Thiago Reis, G1 10/05/2018 05h15).
Morre mais Jovens Negros chacinados nas Grandes, Médias e Pequenas cidades deste País que qualquer Pandemia. 


“Todo ano, 23.100 jovens negros de 15 a 29 anos são assassinados”. "A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil”. São 63 por dia. Isso equivale à queda de mais de 150 jatos, cheios de jovens negros, todos os anos. “Genocídio da população negra é a expressão que melhor se enquadra à realidade atual do Brasil”, https://www.bbc.com/portuguese/brasil-36461295


Mais a morte de pobres, Trabalhador Rural, Comum e Informal não é de interesse público. O Assassinato de Gays, Lésbicas, Indígenas, Quilombolas, Lideranças Sindicais, Religiosas e Sociais não é de interesse público, não importa a Mídia, a TV, aos Meios de Comunicação de Massa, não há comoção política e social. Mais quando Ricos morrem aí sim nasce à comoção Religiosa, Social, Política e Midiática. Não se comovem com a Fome e Miséria de Milhares de Brasileiros ou Venezuelanos, não há comoção com aqueles que sofrem de Racismo, Machismo, Xenofobia, Misoginia e Feminicídio. O fato é que não há comoção social com os jovens negros chacinados nas favelas, não há comoção social com os milhões de brasileiros passando fome e crianças que morrem de desnutrição. Não há comoção social para resolver o problema do conflito agrário e dos assassinatos de policiais no Brasil. Não há comoção social com o desemprego e a miséria de mais de 18 milhões de desempregados no país. Não há comoção social para com os caminhoneiros que correm riscos de vida nas estradas e ganham salários miseráveis.

O Modelo de Desenvolvimento só do ponto de vista econômico é um Sistema de morte. O Desenvolvimento precisa ser pautado nos princípios éticos Político, Cultural, Ambiental, Científico e Humano.

A Economia colocada em prática foge sua essência. A economia deve se pautar no cuidado da casa, no bem estar da vida. O Sistema Financeiro Bancário, Industrial, Agro Negócio, Mineral, Latifundiário Fazendário e Madeireiro caminham na contradição do desenvolvimento. Estamos diante de um Sistema Politico, Econômico e Religioso Pós Moderno, Perverso, Parasita e Predatório. A ganância e a insanidade mental na busca desenfreada por acumulação de riquezas é o carro chefe das desigualdades e injustiça sociais e, será a nossa passagem para o precipício da morte da qual nem os ricos irão escapar.

A Economia, as Engrenagens do Sistema de Mercado não gira sem a classe trabalhadora, sem a produção desta, sem o poder de consumo do povo. È a Classe Trabalhadora Informal e Formal, Pequenos Comerciantes que giram a economia do mundo.

Com as ações de um Governo Irresponsável que retira direitos da classe trabalhadora reduzindo salários e permitindo a demissão destes, surgirão Pandemias da fome, da miséria, do desemprego. Um Gestor que se diz estar a favor do desenvolvimento do País, mais que persegue ONGs, Entidades de Direitos Humanos, Povos, Etnias, Movimentos Sociais, que quer destruir os Sindicatos, estamos nós ameaçados e condenados a um colapso sistêmico. 

As Medidas na Educação adotadas em Estados e Municípios que propõe um Modelo de educação Remota (“EAD”) são paliativas, desiguais, será uma catástrofe na educação brasileira. O ambiente escolar não está equipado, Professores, Alunos, Coordenadores, Diretores e Secretários (as) não estão preparados para tal sistema de ensino. Não temos as ferramentas e recursos pedagógicos para o desenvolvimento desta plataforma digital de ensino. Isso causará ao nosso entendimento um processo de exclusão sócio educacional digital.

A que pensarmos qual Modelo de desenvolvimento, que economia queremos? O Sistema Financeiro Bancário, Industrial, Agro Negócio, Mineral, Latifundiário Fazendário e Madeireiro caminham na contradição do desenvolvimento. Estamos diante de um Sistema Politico, Econômico e Religioso Parasita e Predatório.

Esta Pandemia não passará com a Polarização Política, não venceremos os obstáculos com um Modelo Neoliberal que retira direitos da população, que põe em risco a Soberania Nacional.

Na Conjuntura atual há que haver um esforço de todos, mais sobre tudo, os Governantes, Classe Política, Poder Econômico e aos demais em boa situação financeira devem contribuir para que todos e todas possam somar para vencermos os obstáculos nesse momento de crise de Saúde Mundial.

O Modelo de Desenvolvimento projetado seja este por um Modelo Político Neoliberal ou Capitalista é um Sistema de morte. A Economia que se colocam em prática não tem nada a ver com economia. Tal modelo é Predatório e Parasita coloca em risco a casa habitada, a casa Comum. É desse Sistema Mortífero complexo e antagônico que se desenvolve uma Sociedade individualizada, egoísta, cada um buscando seus interesses particulares em detrimento da vida.

Autor: Justino Amorim da Silva.
Sociólogo – Professor de Sociologia.

Ativista Social, Militante do MAM – Movimento Pela Soberania Popular na Mineração.

Parceiro Colaborador do Movimento Xingu Vivo Para Sempre Altamira/Pá.