Barbosa: Vítima de um preconceito deplorável

29/11/2013 18:20

Barbosa: Vítima de um preconceito deplorável

Por Miguel Dias Pinheiro*

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Questão polêmica no mundo inteiro é a relacionada com o preconceito e a discriminação. O problema é tão sério que no caso do Brasil fomos obrigados a conviver com duas legislações específicas para o caso. A primeira, de natureza didática, dispõe sobre o preconceito de raça ou de cor. A segunda, que veio em auxílio da primeira, estabelece os casos de injúria grave os crimes de preconceito, discriminação, impondo ao ofensor a pena de reclusão.

Na década de 90, o estrangeiro Siegfried Ellwanger publicou mensagens raciais e discriminatórias e semeou, na época, sentimentos de ódio, desprezo e preconceito. Quando vinha a público, usava atributos pejorativos comparados àqueles em que alguém chama outro de "negro" ou "branquela", chegando a afirmar que "o Brasil é uma carniça monstruosa ao luar, com uma urubuzada que o devora". Foi processado e condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, cuja Corte entendeu que as agressões diziam respeito à dignidade dos cidadãos de um modo geral, que teria sido execrada pública e indistintamente.

Com as prisões dos mensaleiros José Dirceu e José Genoino, o Brasil assiste agora as mais grosseiras e variadas ofensas ao ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal. Todas recheadas de cunho racista, com uma agressão nítida ao direito de manifestação, da liberdade de opinar, criticar, discutir e propagar opiniões.

Abusam – claro! - de uma liberdade de manifestação ditada pelo texto constitucional, inspirada em Sócrates e na célebre Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, quando se insurgem contra as posições do ministro de forma pejorativa, deixando evidente um sentimento de preconceito e de discriminação. Agridem, pois, o preceito constitucional de que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", que, ofendido, pune-se a prática de qualquer "discriminação atentatória aos direitos e liberdades", obrigando a todos que residem no país a promoverem o bem, "sem preconceitos de origem, raça, cor, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação".

Queiram ou não, nosso povo hoje tem outra conscientização, haja vista que a ampla discussão em torno do problema do racismo, por exemplo, tomou contornos de repercussão geral.

O caso Joaquim Barbosa é um típico crime de racismo de interesse nacional. Vítima clara de um preconceito nojento, o imbróglio envolvendo petistas condenados, presos em Brasília, aflorou de forma grave uma aversão ao ministro, com suspeitas de que ainda é forte no Brasil o sentimento deplorável e repugnante de separar, de apartar e de segregar, o negro do branco, gerando a intolerância, o ódio e a aversão à cor da pele.

Definitivamente, em relação ao presidente do Supremo Tribunal Federal, estão a jogar na lata de lixo o espírito igualitário, deixando transparecer que a prática do preconceito e da discriminação é uma questão de mentalidade corrompida, cujas formas injuriosas descambam para a agressão rasteira e descabida.

Nossa "elite" nunca citou a cor da pele de Joaquim Barbosa quando o ministro defendeu cotas no STF, mesmo sob o argumento de que o comportamento daqueles contrários às cotas demonstraria um fanatismo perigoso e reacionário dessas pessoas. É óbvio que os racistas são contra cotas. Mas, isso não indica que ser contra cotas seja o mesmo do que ser contra negros. Muito pelo contrário!

Certa feita, como nos lembra Flávio Morgenstern, "uma menina falou em afogar nordestino que vota na Dilma, quase deu cadeia. Uma turma do PT diz que Barbosa não entra na Casa Grande, está tudo ok. Afinal, é pelo partido. E contra os velhos preconceitos da velha elite e da velha mídia. Afinal, se um negro estudou e entrou no STF, não é mérito dele (onde já se viu negro ter mérito?!), e, sim, do partido de Lula e de Dilma que o colocou lá (por ser negro?; e colocou o Dias Toffoli lá para quê? por ser branco?)".

O que essa cambada desejava – e deseja – é que o competente Joaquim Barbosa deva - como devesse - ser subserviente e parcial a tudo que interessava – e interessa - ao Partido dos Trabalhadores. Sobretudo como juiz do STF nomeado por Lula. Muitos, por exemplo, só conseguem olhar para o ministro com um viés racista: "É um negro!" "Era da cota do Lula". Como diz Morgenster, "os preconceituosos não conseguem enxergar seres humanos independentemente de cor de pele, considerando-se um deplorável racismo que um dos ministros acusadores seja sempre lembrado como "um negro" quando atacado".

Qual a norma, então, está sendo aplicada por essa corja de racistas? A de propagar, claro, um camuflado tratamento racial igualitário, em que defendemos os negros, e por isso os negros devem nos obedecer e dizer "sim, senhor". E, claro, os preconceituosos são... Os outros! Mesmo que para isso valha pintar Joaquim Barbosa como um "cruel ditador africano".

"Covarde! Negro alçado a ministro graças à Lula e aos ventos democráticos que se vende pra direita! Calhorda!" – agridem nas redes sociais de forma coordenada. Na dicção de Vladimir Aras, "esse pessoal que está cometendo injúria racial contra o ministro Joaquim Barbosa pode precisar de um habeas corpus do STF uma hora dessas. E com absoluta certeza não vão tratar o ministro como um juiz do Tribunal de Nuremberg".

Portal Geledés

https://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/22146-barbosa-vitima-de-um-preconceito-deploravel

Por Justino Amorim da Silva

Faz dias que já me incomoda essa construção racista sobre o Ministro Joaquim Barbosa. As redes sociais a cada dia contribuem nessa construção racista contra o Ministro Joaquim Barbosa. As estruturas de poder deste país são racistas e fazem questão de propagar essa barbárie todos os dias nos meios de comunicação de massa, Rádio, TV, Internet e etc. O problema é que muitas pessoas através do Face book estão ajudando a disseminar essa praga racista. O STF e outras tantas instâncias do poder público brasileiro são pesadas carregadas de racismo. Quando um negro chega ao cargo máximo do STF é um tapa na cara da elite branca racista, daí essa classe racista irá criar mecanismo de criminalização deste Negro que com muita competência e coragem assume o cargo máximo do STF, ai a classe branca doente de racismo tenta através das ações de justiça e ética do ministro Joaquim Barbosa condená-lo por desenvolver um trabalho que nunca ninguém na história do STF realizou antes com uma certa desenvoltura. Ao mesmo tempo entendo que é muito complicada esta conjuntura, é um campo minado e, não serei eu que não entendo nada de direito para dizer se o ministro está cometendo equívocos ou defendendo algum grupo. Se há um negro no STF é por competência, claro que tal fato incomoda a elite branca e a sociedade racista. Inovar nessas estruturas de poder corroídas pelo mando dos coronéis, do racismo e corrupção não é fácil, ser coerente nessas estruturas doentes de corrupção, racismo, machismo, homofobia, preconceito e exclusão social é cutucar onça com vara curta, é mexer em ninho de cobras cascavel, é cutucar casa de marimbondos

Mai há um agravante nas ações do STF seja pelo Ministro Joaquim B. e pelos seus colegas que formam o STF e tomam as decisões. Por que só os parlamentares do PT estão sendo julgados por crimes de corrupção, essa é a pergunta que fica os governos anteriores não corromperam os cofres públicos brasileiros.

O que se percebe e uma guerra oligárquica partidária travada na política brasileira é uma briga pelo poder, pelo bolo que só eles podem comer. E quem perde é o povo.

Não defendo, nem sou partidário nem a partido político ou a pessoa seja quem for. Que sejam punidos todos aqueles que surrupiaram os cofres públicos, seja ele da política (Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário ou em qualquer outra instância pública.

Não tenho competência para condenar o Ministro por suas ações judiciais, sabe ele em sua consciência ética profissional, cabe a ele agir com responsabilidade e coerência, para isso é preciso muita coragem, cuidado, resistências as armadilhas dos coronéis das velhas oligarquias partidárias e econômicas.

Porém uma andorinha só não faz verão. Não sei se Joaquim B é esta andorinha, neste emaranhado de coisas aonde não se sabe de fato onde fica a cobra, o leão, o tigre, a andorinha, o beija flor, o veneno nem o antídoto precisa-se muita agilidade e astúcia para não ser envenenado ou picado e morrer socialmente para sempre.Barbosa Vítima de um preconceito deplorável.pdf (64,2 kB)